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Henrique Braz Rossi
São Bernardo do Campo - SP - Brasil

E-mail: henrique@octaki.com.br

10 minutos

23-01-2009 10:55

As pressas subia a escada rolante do metrô, o sol despontava e refletia nos vidros dos prédios e carros, já era hora de tomar um café da manhã. Sentia o vento gelado e os barulhos corriqueiros de uma grande metrópole. O que pensava, nem eu mesmo sabia, apenas desviava das pessoas em suas corridas para seu destino. Como é interessante observar... ainda mais quando nos colocamos em uma outra dimensão, ou simplesmente fazemos de conta que não estamos sendo vistos. Somos platéia e a rua o palco. Todos na verdade são atores, fazendo de sua vida cotidiana uma máscara, deixando escondidos seus sentimentos e desejos, a não ser pelos olhos que refletem sua verdadeira alma. Falo isso porque nota-se a discordância do tom de voz com o olhar quando em conversas alheias fica evidenciado intensões, ou não, das ações que é o presente fato.

Estava diante de uma banca de jornal, meio sebo, meia loja de conveniência... meio tudo... parado e me localizando. Aguardava abrir as portas das empresas de recolocação de mercado – as famosas agências de empregos. Tinha 8 reais, um halls e um clips. Na esquina da rua 7 de abril, um conglomerado de pessoas se debatiam a frente de uma máquina de suco de laranja e salgados a 1 real. Pronto, já tinha 2 reais a menos e de sobremesa uma bala de halls preto. Difícil era ficar parado sem alguém lhe esbarrar, empurrar ou te olhar com aquela cara de indignação de que você esta caminho dela.

Peguei meu celular para ver as horas. Queria ligar para alguém, mas logo cedo seria muito chato... me sentia sozinho. Faltavam 10 minutos para as 8 horas, quando as porteiras da esperança são abertas. Porém, as filas já eram enormes e sinuosas, com pessoas de todos os lugares e estilos. Em menos de 10 segundos já não era o último da fila.

Reparei que meus sapatos estavam muito surrados, quase sem cor. Lembrei que certa vez, na faculdade, um professor disse que a imagem de um homem tem reflexo nas roupas que usa – elas falam sua essência, principalmente em seus calçados. Será que minha vida estava tão ralada assim, malfadada a ficar sem cor e com traços marcantes? Assim que chegar em casa vou engraxá-los com vontade, só para garantir.

Minha calça e camisa até que não estavam tão amarrotadas depois do busão e metrô abarrotados. Uma preocupação a menos! E as unhas cumpridas, esqueci de cortá-las. Podia falar que tocava música flamenca. Nesta hora a fila deu uma andada... era o começo da entrada no prédio. Documentos a mão, currículo debaixo do braço e mais um halls para disfarçar o gosto da coxinha de frango. “Sobe?”, ouvia e pensava: “Com certeza!”

 

Esse texto faz parte do Livro: Contos Urbanos.
Autor: Henrique Braz B Rossi

Comentários

Data: 04-01-2010

De: chefe Mara

Assunto: parabéns

muito legal chefe!!!!
parabéns está marailhoso!!!!